O VOLUME VAZIO

O VAZIO QUE FAZ VOLUME.

Em dias em que a embalagem conta mais do que o produto, que a apresentação conta mais do que o sabor, que a aparência vende mais do que a essência, é de se esperar que o conteúdo seja vazio, ou, em casos isolados, algo ralo.

O fingimento da bondade e da preocupação com o próximo são constantes, está na moda adotar crianças africanas, salvar baleias, derrubar menos árvores e todo tipo de bondade, contudo, será mesmo que a vontade de realizar tais coisas vem do coração bondoso ?

Assistindo ao último filmo de SACHA COHEN pude aprofundar ainda mais minha certeza do vazio de cada ser humano, principalmente na cena em que ele entrevista PAULA ABDUL jurada do AMERICAN IDOL.

Na entrevista ABDUL diz ser uma grande humanitária e que filantropia é tão essencial para ela quanto o ar que respira, entretanto, a cena é tão ridícula de ser assistida, porque, enquanto faz tais declarações está sentada sob as costas de um senhor imigrante do México.

Uma bondade que se importa em aparecer e não em ser, ajuda meio mundo, mas, não se importa nem um pouco de usar um ser humano como cadeira em uma entrevista.

A bondade as vezes pode cheirar enxofre e ter rabo e chifre,..

A bondade não é um sentimento melancólico, antes, é uma decisão de vida. Decisão que nem sempre é fácil de ser praticada, quando tenho de dizer algo duro a alguém, ou , quando a bondade aparenta ser maldosa aos demais, pode acabar sendo rotulada como maldade.

As virtudes são conteúdos que habitam o coração de alguns humanos, aliás, a regra é a da falta, carência, inexistência destes atributos.Se não há nada dentro de mim, como posso querer dividi-lo com alguém ?

Quem diz ser amoroso e bondoso, pode até se envolver em uma certa atividade, entretanto, nunca aceita usar um semelhante como mobília. Quem faz o bem inicia a jornada não fazendo mal.

Melhor o pouco cheio do que o muito vazio.